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Inteligência artificial: principal aposta dos CEOs para enfrentar desafios globais

Atravessando uma década de disrupção: a publicação KPMG CEO Outlook completa dez anos e mostra que os CEOs seguem confiantes no futuro de suas organizações, apesar da  volatilidade geopolítica e econômica.

Da rápida evolução no uso da inteligência artificial (IA) às crescentes preocupações geopolíticas, os obstáculos enfrentados pelos CEOs de hoje são vastos e complexos. Aliados a essas pressões externas, os desafios internos, como capacitação da força de trabalho e trabalho híbrido, estão impondo aos CEOs a necessidade de serem ágeis e adaptáveis na gestão de stakeholders, mantendo o foco no crescimento de longo prazo.

A publicação KPMG CEO Outlook foi lançada globalmente há dez anos. Para elaborar a edição atual, a KPMG colheu insights de mais de 1.300 líderes empresariais globais que gerenciam empresas com receitas de pelo menos US$ 500 milhões, provenientes das maiores economias e principais indústrias do mundo.

Os últimos dez anos foram marcados pela volatilidade, desde os impactos econômicos e sociais da pandemia de covid-19 até o ressurgimento da inflação e das tensões geopolíticas. Diante disso, os líderes tiveram que se adaptar a uma gama inédita de desafios, que colocaram maior pressão sobre seus ombros e enfraqueceram a confiança na economia global.

No entanto, os CEOs globais permanecem resilientes, guiando suas empresas rumo ao crescimento sustentável. Eles continuam a construir uma base sólida para suas empresas apostando fortemente em inteligência artificial (IA) e reforçando sua força de trabalho para se adaptar às necessidades empresariais em constante evolução. A pesquisa deste ano mostra que os CEOs estão otimistas em relação ao futuro de suas organizações, com 92% deles planejando aumentar o quadro de funcionários, embora reconheçam a necessidade de preparar suas equipes para o futuro, garantindo a proposição de valor para atrair e reter talentos. Equilibrar objetivos e cautela será crucial para lidar com questões de ESG para que os CEOs evitem críticas dos stakeholders e, especialmente, façam o que é certo.

Os últimos dez anos foram marcados por um cenário de volatilidade e mudança, desde a pandemia global até a inflação crescente e o surgimento da IA. Diante de tais pressões, os CEOs permanecem firmes quanto à necessidade de investir no futuro. A turbulência exige que os líderes sejam mais resilientes, ágeis e inovadores do que nunca. Ao olharmos para os próximos dez anos, percebemos que os CEOs que traçarem estratégias ousadas para se adaptar ao nosso mundo em rápida mudança e investirem nas tecnologias e talentos certos para transformar seus planos em realidade poderão alcançar um crescimento sustentável e de longo prazo.

Charles Krieck
Presidente
KPMG no Brasil e na América do Sul

economic outlook

Confiança dos CEOs na economia global (2015-2024)

  

Como as principais ameaças ao crescimento de 2024 evoluíram nos últimos dez anos

  

*Nota 1 é igual ao risco máximo.

**Em 2022, questões operacionais não foram incluídas como uma opção de risco na pesquisa.

Principais riscos nos últimos dez anos

  1. Segurança cibernética
  2. Questões operacionais
  3. Tecnologias emergentes/disruptivas
  4. Geopolítica e incertezas políticas
  5. Mudanças ambientais/climáticas
  6. Cadeia de suprimentos
  7. Preocupações regulatórias
  8. Risco estratégico
  9. Reputacão/marca

Dados reunidos ao longo de dez anos desta pesquisa mostram como os líderes buscaram criar confiança no crescimento dos negócios, desde a expansão dos investimentos em inovação e tecnologia até o foco renovado na proposição de valor para os funcionários e o compromisso renovado com as questões de ESG e a sustentabilidade como fontes de geração de valor. Olhando mais de perto para os próximos três anos, os entrevistados identificaram que suas prioridades operacionais serão o avanço da digitalização e da conectividade em seus negócios (18%), a compreensão e a implementação da IA generativa em toda a organização, o aprimoramento da força de trabalho (13%) e a execução de iniciativas de ESG (13%). Ao preparar seus negócios para um mundo digital e focar no desenvolvimento e na retenção de talentos, os CEOs não apenas atendem às suas necessidades operacionais imediatas, mas também posicionam suas organizações para um crescimento sustentável e orgânico.

Talent

Quando a KPMG lançou o CEO Outlook há dez anos, as tecnologias de IA simplesmente não eram discutidas. Avançando para os dias de hoje, elas agora estão no centro das atenções dos líderes empresariais, com as equipes ansiosas para abraçar as aparentemente infinitas possibilidades que a tecnologia pode criar. Embora eu esteja encorajado pelo fato de que os CEOs pesquisados lestejam levando a IA a sério e investindo em inovação e tecnologia, é importante que a sua adoção não comprometa a qualidade da implementação, que deve ser genuína, ética e transformadora. A IA pode agregar valor a todos os aspectos dos negócios, mas todos os funcionários precisam fazer parte dessa jornada. Com a capacitação certa e o foco em liberar o verdadeiro potencial da IA, há uma oportunidade para a as empresas desempenharem um papel importante no direcionamento das economias mundiais, reconduzindo-as a uma trajetória de crescimento sustentável e de longo prazo.

David Rowlands
Líder global de IA
KPMG International

Para os CEOs entrevistados, a inovação tecnológica tem sido a força mais disruptiva nos últimos dez anos, com as tecnologias emergentes se destacando como um dos três principais riscos ao crescimento em seis das nove pesquisas realizadas antes desta edição.

Quando a KPMG lançou a publicação KPMG CEO Outlook há uma década atrás, a IA estava sendo impulsionada com avanços em áreas como reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural e veículos autônomos. Em 2024, a maioria (64%) dos CEOs globais indicou que investiria em IA independentemente das condições econômicas. Embora os atuais casos de uso de IA despertem muito entusiasmo no discurso público, os CEOs globais reconhecem a necessidade de enfrentar os desafios que estão por vir, considerando o potencial da IA para transformar todos os aspectos da nossa vida cotidiana.

O aprimoramento das equipes é uma peça-chave no quebra-cabeça da IA

Apesar das preocupações muitas vezes manifestadas em relação aos riscos de muitas demissões, os CEOs reconhecem o potencial transformador da IA e permanecem confiantes de que a adoção das soluções tecnológicas não terá um impacto prejudicial sobre a força de trabalho. Mais de três quartos (76%) dos CEOs acreditam que a IA não reduzirá fundamentalmente o número de empregos em suas organizações nos próximos três anos. No entanto, os CEOs reconhecem que suas equipes precisarão se adaptar para aproveitar totalmente as oportunidades. Quando questionados sobre a prontidão atual de suas organizações para a IA, apenas 38% dos CEOs se mostraram confiantes de que seus funcionários dispõem das habilidades adequadas para tirar proveito completo dos benefícios da IA. Além disso, 58% concordam que a integração da IA generativa os fez repensar as habilidades exigidas para cargos de nível inicial.

Onde os CEOs investem será crucial

O crescente compromisso com a IA indica que os CEOs globais estão dando continuidade ao forte ritmo de investimentos em tecnologia observado no ano passado.

Todos os CEOs afirmam que planejam investir em IA de alguma forma. Eles reconhecem o potencial da IA para aumentar a eficiência e produtividade (16%), preparar a força de trabalho para o futuro (14%) e promover a inovação dentro das organizações (13%). No entanto, a maioria dos CEOs (63%) admite que o retorno sobre o investimento (ROI) em IA provavelmente só será alcançado em um período de três a cinco anos, o que está em linha com as expectativas do ano passado.

Implementação ética da IA: uma preocupação para a maioria

Diante das crescentes preocupações com a ética na implementação e no uso da IA, os CEOs estão cada vez mais atentos aos riscos associados à sua rápida adoção. Mais da metade (61%) identificam os desafios éticos como uma das questões mais difíceis de serem abordadas ao implementar IA em seus negócios - um aumento em relação aos 57% que pensavam dessa forma em 2023. Além disso, preocupações com a falta de regulamentação (50%) e com a insuficiência de habilidades técnicas e capacidades (48%) complicam ainda mais o futuro.

As descobertas deste ano destacam uma lacuna crescente entre as expectativas dos CEOs e de seus funcionários. O mundo está se transformando rapidamente, assim como a proposição de valor dos funcionários. Os líderes bem-sucedidos do futuro serão aqueles que entenderem que seu desafio em relação aos talentos só será resolvido com investimento e apoio aos colaboradores por meio um compromisso que compreenda o seguinte: os funcionários hoje não apenas desejam, mas esperam um ambiente de trabalho ágil e flexível, que permita um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, sobretudo em meio à crise generalizada de custo de vida.

Nhlamu Dlomu
Líder global de Pessoas
KPMG International

Desde 2015, à medida que os funcionários passaram a exigir mais flexibilidade nos formatos de trabalho e uma maior conexão entre suas crenças pessoais e o propósito da empresa, os líderes se adaptaram a essas mudanças. As lideranças que se destacam são aquels que colocam as pessoas no centro de sua estratégia de crescimento e ajustam o compromisso da empresa para atender às expectativas crescentes dos talentos atuais e futuros.

No entanto, a pesquisa mostra que o debate sobre o retorno ao escritório continua a gerar reflexões. Os dados deste ano revelam que os CEOs estão endurecendo sua postura em relação ao retorno aos formatos de trabalho anteriores à pandemia, com 83% esperando um retorno total ao escritório nos próximos três anos - um aumento significativo em relação aos 64% de 2023. Essa expectativa só aumenta com a idade: 75% para aqueles entre 40 e 49 anos, 83% para os de 50 a 59 anos, e 87% para os de 60 a 69 anos. Curiosamente, também há uma divisão de gênero surgindo nesse debate: enquanto 84% dos CEOs homens preveem um retorno completo ao escritório dentro de três anos, apenas 78% das CEOs mulheres antecipam a mesma mudança. Além disso, 87% dos entrevistados dizem que provavelmente recompensarão os funcionários que fizerem um esforço para ir ao escritório com responsabilidades mais favoráveis, aumentos salariais ou promoções.

Diferenças geracionais e o debate sobre o retorno ao escritório

  % dos que esperam o retorno total ao escritório nos próximos três anos

Percentual geral de CEOs que preveem um retorno total ao escritório nos próximos três anos

  

Os CEOs também reconhecem que outras questões relacionadas aos talentos podem afetar o crescimento e a competitividade no futuro. Quase um terço deles diz estar preocupado com as mudanças no mercado de trabalho, especificamente em relação ao número de funcionários que irá se aposentar em breve e a falta de trabalhadores qualificados disponíveis para substituí-los. Em resposta a essa escassez de talentos, 80% dos CEOs concordam que as organizações devem investir em desenvolvimento de habilidades e aprendizagem ao longo da vida dentro das comunidades locais para ajudar a proteger o acesso a futuros talentos. Com esse compromisso local, 92% dos líderes esperam que isso ajude a aumentar o número de funcionários em geral de suas equipes nos próximos três anos.

Perspectiva para os próximos três anos dos CEOs sobre o crescimento esperado do quadro de funcionários (2015-2024)

  

ESG

A edição de décimo aniversário da KPMG CEO Outlook destaca o quanto a comunidade empresarial progrediu em ESG e sustentabilidade. Há apenas alguns anos, os compromissos ambientais, sociais e de governança eram vistos como um distintivo de honra que não necessariamente integrava a estratégia da empresa. Hoje, nossa pesquisa mostra que as questões ESG são uma prioridade, com o crescimento sustentável e intencional permanecendo como ambições centrais para os líderes empresariais globais. No entanto, em 2024, estamos vendo uma crescente politização e polarização de questões como mobilidade social e mudanças climáticas, o que impõe novos desafios para os CEOs, que já estão sob pressão para ter um bom desempenho em relação a esses tópicos. A boa notícia é que, segundo a nossa pesquisa, os CEOs estão firmes na certeza de que a sustentabilidade é prioritária e continuam demonstrando resiliência e agilidade ao mudarem, por exemplo, a maneira como comunicam seus esforços, em vez de simplesmente abandonarem seus compromissos.

John McCalla-Leacy
Líder global de ESG
KPMG International

As descobertas deste ano revelam os desafios de lidar com as prioridades ambientais, sociais e de governança (ESG) no contexto atual. Além de uma crescente percepção sobre como as questões ESG afetam a confiança e a reputação das empresas, o caráter cada vez mais politizado dessa agenda está intensificando a pressão enfrentada pelos líderes corporativos.

Em 2015, os CEOs classificaram o risco ambiental como a menor prioridade entre as suas preocupações; em 2024, quase um quarto (24%) reconheceu que a principal consequência de não atender às expectativas em questões ESG seria dar vantagens competitivas aos concorrentes, superando a ameaça à sua própria posição (21%) e aos desafios de recrutamento (16%).

Fica claro que os líderes estão dispostos a agir quando se trata de ESG: 76% dos CEOs afirmam que estariam dispostos a desinvestir uma parte lucrativa do negócio caso isso estivesse prejudicando a sua reputação. Mais revelador ainda é que 68% afirmam que tomariam uma posição sobre uma questão política ou social controversa, mesmo que o conselho levantasse preocupações a respeito. A pesquisa também mostra que os CEOs de hoje reconhecem a importância vital do ESG para a criação de valor - pouco menos de um quarto (24%) indica que atender às expectativas em ESG proporciona uma vantagem sobre os concorrentes que não lidam com essa questão.

Dois terços (66%) dos CEOs admitem que não estão totalmente preparados para lidar com a avaliação e as expectativas dos acionistas em relação às questões ESG, o que sugere que eles planejam tomar medidas para reduzir esses riscos. É curioso notar a diferença geracional entre os CEOs: 43% dos líderes mais jovens (com idades entre 40 e 49 anos) se sentem mais confiantes em enfrentar as pressões relacionadas a ESG; entre os CEOs na faixa de 50 a 59 anos, esse percentual é de 33%; e apenas 30% daqueles com idades entre 60 e 69 anos têm essa postura.

Também existe um crescimento expressivo na politização e na polarização em torno de  questões como mobilidade social e mudanças climáticas, o que está criando desafios adicionais para os CEOs, que já estão sob pressão para cumprir ou reavaliar metas estabelecidas. Como resultado, alguns CEOs globais estão mudando a forma como comunicam seus esforços em ESG. Na pesquisa deste ano, 69% revelam que, embora tenham mantido as mesmas estratégias relacionadas ao clima nos últimos 12 meses, adaptaram a linguagem e a terminologia usadas internamente e externamente para atender às novas expectativas dos stakeholders. Por exemplo, forças políticas e sociais levaram algumas empresas a mudar a linguagem que utilizam, com algumas organizações preferindo usar termos gerais, como “sustentabilidade”, em vez do termo mais abrangente, “ESG”.

Perspectivas dos CEOs sobre ESG

  

Por fim, 30% afirmam que a maior barreira para alcançar suas ambições climáticas é a complexidade relacionada à descarbonização de sua cadeia de suprimentos, um problema ainda mais agravado pelas tensões geopolíticas atuais e por uma série de atividades que impactam as principais rotas de comércio global. À medida que nos aproximamos de 2025, será interessante ver como isso afetará as opiniões e as organizações de maneira geral, principalmente quando os relatórios de ESG começarem a ganhar força em todo o mundo.


Metodologia

Sobre a publicação KPMG CEO Outlook 2024

A décima edição da KPMG CEO Outlook, realizada com 1.325 CEOs entre 25 de julho e 29 de agosto de 2024, oferece uma visão única sobre a mentalidade, estratégias e táticas de planejamento dos CEOs.

Todos os entrevistados atuam em empresas com receitas anuais superiores a US$ 500 milhões. Um terço das empresas pesquisadas tem mais de US$ 10 bilhões em receita anual.

O estudo teve as participações de líderes de 11 países (Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos) e de 11 setores industriais-chave (gestão de ativos, automotivo, bancos, consumo e varejo, energia, infraestrutura, seguros, ciências da vida, manufatura, tecnologia e telecomunicações).

Obs.: alguns números podem não totalizar 100% devido ao arredondamento.