Fraude corporativa não é um problema novo. O que surpreende — e preocupa — é o quanto ainda a tratamos como algo excepcional e não como parte do risco estrutural de qualquer empresa. O estudo “Global Profiles of the Fraudster” ajuda a desmistificar esse cenário. Ao analisar 256 casos com pelo menos 669 fraudadores envolvidos, a pesquisa traça um retrato alarmante a respeito de quem são os responsáveis por fraudes internas, quais são seus métodos e como podemos evitá-los.
A primeira constatação do estudo talvez seja a mais desconfortável: o fraudador típico é alguém em quem confiamos. Em geral, trata-se de um homem entre 36 e 55 anos, com muitos anos de empresa e bem-visto pela liderança e colegas. Costuma ser descrito como amigável e respeitado — e, exatamente por isso, passa despercebido pelos radares de controle e auditoria interna. Não se trata de um criminoso que invadiu sistemas ou burlou defesas sofisticadas: muitas vezes, é um colaborador com acesso legítimo, conhecimento interno e percepção de impunidade.
Esse perfil reforça uma verdade desconfortável: a fraude nasce dentro da organização. E embora isso devesse motivar uma postura mais preventiva, a maioria das empresas trata o problema com distanciamento, reagindo apenas quando os danos já prejudicam os negócios.